A Carnaubais da minha infância se preparava com alegria para celebrar as 31 novenas do mês de maio em homenagem a Maria, os cânticos realizado por um grupo de senhoras e senhoritas liderada por Dona Creuza Martins e Áurea Marques. Os adultos rezando e cantando e a meninada inclusive eu brincando ao redor da Igreja, vez por outra Dona Zulmira com toda a sua educação nos pedindo para falarmos mais baixo para não atrapalhar a novena.
Não poderia deixar de registrar os jogos de bola no campo de Vitória como assim conhecíamos, tínhamos que chegarmos cedo, pois a turma mais adulta chegava e acabava com a nossa brincadeira. Nesse mesmo campo assistia os maiores clássicos do futebol repleto de rivalidades entre Carnaubais X Porto do Mangue e Carnaubais X Alto do Rodrigues.
A Carnaubias das sucessivas cheias, pois ainda não tínhamos a barragem do Açu e todas as chuvas registradas no Sertão as suas águas desciam pelo leito do rio, em muitos casos causando grandes cheias. Trazendo desalojamento das famílias e prejuízo aos agricultores. Mas ao mesmo tempo trazendo fartura de peixe e enriquecendo o aluvião varzeano com novos minerais trazido das serras dos sertões o que fortalecia de nutrientes e proporcionava excelentes safras nas lavouras dos nossos camponeses.
A população atenta e aflita acompanhava dia e noite a chegada das águas adentrando a cidade pela setor norte, onde podemos observar a descrição geográfica de nossa cidade, da direita para a esquerda: a casa de Dona Maroquinha, a padaria de Chico Moura, a casa de Dona Creuza e a mercearia de Izaú Martins. Ao fundo ainda observamos o sobrado de Abel Alberto e mais a esquerda a mercearia de Toinho de Angelina. Pelo registro dos imóveis essa cheia foi a de 1.963, pois ainda não existia a prefeitura construída ao lado do sobrado de Abel e a mercearia de Izaú ainda não tinha sido reformada.
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