Brasil saiu dos trilhos e Bolsonaro pode ser afastado, diz chefe da Eurasia Group
Em meio a uma pandemia global, é difícil determinar qual país
está se saindo pior. Mas qualquer lista curta neste momento deve
incluir o Brasil.
Na segunda-feira, o exaltado presidente brasileiro Jair Bolsonaro
tomou a decisão de derrubar seu gabinete, substituindo seis ministros.
Algumas das saídas não foram surpreendentes, como o ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um aliado próximo de Bolsonaro,
cuja abordagem combativa aos assuntos internacionais despertou fogo
devido às lutas do Brasil para obter vacinas no exterior. Mas outras
demissões pegaram muitos desprevenidos, principalmente a do ministro da
Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Bolsonaro, um ex-capitão do Exército
que falou com carinho sobre a ditadura militar anterior do país (bem
como sobre líderes autoritários em geral), recrutou muitos generais
ativos e aposentados para ingressar em seu governo. Azevedo foi um
deles.
Mas desde que Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, a preocupação tem
crescido entre os chefes militares de que as ações de Bolsonaro podem
corroer a independência militar da política além dos limites aceitáveis,
um sentimento compartilhado pelo deposto Azevedo. Na terça-feira, os
chefes da Marinha, do Exército e da Força Aérea foram demitidos pelo
presidente depois de ameaçarem demitir-se em protesto contra a pressão
de Bolsonaro para que as Forças Armadas defendessem politicamente sua
administração. Para os detratores militares de Bolsonaro, o conforto
crescente de Bolsonaro com os militares não é apenas uma ameaça à
capacidade do país de funcionar como uma democracia adequada, mas à
própria posição dos militares. A preocupação é que ele acabe com a
reputação dos militares, uma reputação que eles passaram décadas
reconstruindo desde o fim da junta militar em 1985.
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