O comportamento de muitos políticos brasileiros segue um roteiro repetido: quando estão no poder, defendem cegamente os aliados; quando se afastam, descobrem os erros que antes fingiam não ver. É o velho “morde e assopra” da política — conveniente, seletivo e hipócrita.
O caso do prefeito Gleidson Benevides de Oliveira, o Gleudinho (PL), em Carnaubais-RN, é um retrato fiel dessa prática. Recentemente, o gestor afirmou ter encontrado uma “terra arrasada” ao assumir o comando do município, denunciando dívidas, sucateamento e caos administrativo.
Mas há um detalhe que o discurso tenta apagar: Gleudinho foi vice-prefeito na gestão anterior de Marineide Diniz, do mesmo grupo político. Mais que isso — sua família teve papel direto nas decisões daquela administração.
Ora, se ele estava lá, participando do governo, onde estava seu senso crítico quando as coisas estavam sendo feitas (ou desfeitas)?
Por que o silêncio antes e a indignação agora?
É difícil acreditar em um discurso de “renovação” vindo de quem ajudou a erguer — ou permitir — a estrutura que agora condena.
Ao decretar calamidade financeira, o prefeito tenta se afastar da imagem do passado, ensaiando uma ruptura que, na prática, parece mais uma estratégia de sobrevivência política. Mas o povo de Carnaubais sabe ler nas entrelinhas: Gleudinho hoje critica o que ontem aplaudia.
Moral da história:
Não se pode posar de vítima daquilo que se ajudou a criar.
A terra pode até estar arrasada — mas as digitais de quem a devastou continuam visíveis.
Transcrito do blog Cidade do Sal
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