O encontro era quase sempre marcado em um hotel discreto no Rio de
Janeiro. Uma funcionária do Senado aparecia no horário combinado,
identificava-se por meio de uma senha previamente acertada e recebia a
coisa — às vezes em envelopes, às vezes em bolsas, quase sempre em malas
cheias, conforme o valor da propina acertado para o dia. Valores que
variavam de 250 000 a 1 milhão de reais. Segundo reportagem da Veja, era
assim, sem nenhuma sofisticação, que parte do dinheiro desviado da
Petrobras chegava às mãos do senador Renan Calheiros, presidente do
Congresso.
Transações que somaram milhões de reais se repetiram por mais de uma
década sem que ninguém suspeitasse, financiaram campanhas políticas do
PMDB e, agora, fornecem pistas sobre a origem da fortuna acumulada pelo
presidente do Congresso. São esses detalhes, contados por um dos
delatores da Lava-Jato em depoimentos sigilosos prestados à
Procuradoria-Geral da República, que podem levar Renan a percorrer uma
trilha semelhante à de Eduardo Cunha.
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