Abertura do impeachment de Dilma passa no Senado
Vinte
e quatro anos depois do impeachment de Fernando Collor de Melo, o
Brasil vive um novo afastamento de presidente da República. Agora, no
entanto, o clima é de golpe institucional, uma vez que nem deputados,
nem senadores conseguiram convencer que Dilma Rousseff cometeu crime de
responsabilidade, mas mesmo assim, aprovaram seu afastamento do Palácio
do Planalto. Em sessão iniciada nesta quarta-feira (11) e que terminou
às 6h34 desta quinta (12), 55 senadores foram favoráveis à abertura do
processo contra a petista e 22 foram contrários.
Agora,
Dilma será afastada por até 180 dias, enquanto os senadores julgarão o
mérito das chamadas “pedaladas fiscais” e dos decretos de crédito
orçamentários, supostos crimes cometidos por ela, segundo a ação que
originou o afastamento da presidenta.
Para
a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), fica cada vez mais claro que o
que se estabelece é um golpe institucional. “Lamento participar deste
dia, que é um dos mais tristes da democracia brasileira. Estamos diante
de um golpe de uma maioria que se formou no Congresso por discordar
desse projeto de país representado por Dilma. Eles querem voltar a
privilegiar o capital em detrimento das pessoas e, por isso, se voltaram
contra a presidenta”, afirma.
O primeiro secretário do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO), já
levará na manhã desta quinta-feira, ao Palácio do Planalto, a
notificação da decisão do Senado. A própria presidenta deverá receber o
documento. O parlamentar levará também uma notificação, comunicando ao
vice-presidente Michel Temer que ele será o governante em exercício. Só
então Temer assumirá o cargo.
De
acordo com Vanessa Grazziotin, a expectativa é que na próxima fase –
onde se analisará o mérito das denúncias contra Dilma – o jogo vire.
“Quando nos debruçarmos sobre o mérito, tenho esperança que isso mude,
pois está cada vez mais claro que Dilma não cometeu crime de
responsabilidade. E não podemos usar o instrumento do impeachment para
tirar um presidente só porque tem baixa popularidade. Isso se resolve
nas urnas.”
Desde que chegou ao Senado, Vanessa Grazziotin vem denunciando a origem
do processo e suas ilegalidades. A peça, assinada por Janaína Paschoal,
Miguel Reali Júnior e Hélio Bicudo, foi feita sob encomenda do PSDB –
mesmo partido que pegou a relatoria do impeachment naquela Casa e que,
portanto, não teria a isenção necessária para relatar o caso. Ainda
assim, a parlamentar foi voto vencido e tal qual aconteceu na Câmara, o
impasse político prevaleceu e o impeachment passou.
“Diferentemente de 1992, que a denúncia veio da sociedade brasileira,
esta veio da sede nacional de um partido e custou R$ 45 mil. Não
bastasse isso, quem denuncia é quem relata o processo", lembra a
senadora, referindo-se à advogada Janaína Paschoal, que assumiu no
Senado ter sido contratada pelo PSDB para redigir o impedimento de
Dilma.
Governo Temer
Temer não deve esperar um minuto além do necessário para assumir o tão
sonhado cargo. Nos últimos meses, o vice mostrou a que veio e consolidou
a estratégia golpista para tirar Dilma do poder.
No entanto, ele não deve ter facilidades em seu governo provisório.
Parlamentares aliados de Dilma anunciaram na quarta-feira estratégia de
oposição ao governo do peemedebista. A ideia é fazer obstrução política
na pauta da Câmara até que o Plenário decida pela cassação de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), afastado do cargo de presidente da Câmara e do mandato
de deputado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na última
quinta-feira (5).
Na avaliação da 1ª vice-líder do PCdoB e presidente nacional da legenda,
deputada Luciana Santos (PE), o avanço do processo de impeachment de
Dilma é uma “aberração” e um passo para o fim de programas sociais.
Segundo ela, os partidos da base aliada aos governos do PT começarão a
mobilizar as ruas a partir desta quinta-feira (12) para “resgatar a
agenda das urnas”.
Fonte: PCdoB na Câmara, por Christiane Peres
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