CARNAUBAIS DA MINHA INFÂNCIA XXXIV

 

E DE QUEM É O GAVIÃO?

Na Carnaubais da minha infância tinha um Sr. Magro de estatura pequena conhecido por Tuzé, morava na casa de Elvira, cavaquista ao extremo. As crianças sabedora disso o chamava "Tuzé pague a rapadura" o velho corria atrás das crianças, jogava pedras e chegava até a denunciar aos pais.

 

Mas Tuzé, também era muito ingênuo e fazia determinadas perguntas que irritava os conterrâneos. Um certo dia pela manhã cedo uma mãe de família varrendo o terreiro de sua casa e conversando com a vizinha,  falou; "mulher tem uma gavião comendo meus pintos". Tuzé ia passando, ouviu a conversar e perguntou? - "E de quem é o gavião?". Outro dia um Sr. tinha abatido um bode, estava com ele pendurado tirando o couro já vinha na metade do animal, quando chegou Tuzé e perguntou. "O bode é para matar?'.

Essas e muitas outras fizeram as narrativas da infantilidade do cidadão Tuzé. Mas já bem na sua velhice terminou seus últimos dias de vida morando sozinho no antigo prédio que por muitos anos serviu como o abrigo do motor e gerador que fornecia energia elétrica a pequena cidade de Carnaubais. Sofrendo acredito da próstata terminou seus dias de vida sofrendo muito sem ter nenhum atendimento médico, a não ser de algumas senhoras que sentindo o sofrimento do ancião, fazia algum tipo de chá e levava ao pobre Tuzé, que gritava e gemia em voz alta por todas as noite com as insuportáveis dores sem poder urinar. Nessa época nossa cidade não tinha um médico que atendesse os seus habitantes, como também não conheço se alguém tenha o levado para um atendimento médico fora de Carnaubais.