Eleitora de Bolsonaro pede perdão público por crime cometido contra o Brasil e os brasileiros
Em artigo na Folha de S.Paulo, a advogada e dramaturga Becky S. Korich
faz um mea culpa por ter votado em Jair Bolsonaro na eleição
presidencial de 2018. "Aconteceu em outubro de 2018. Vai ver que
mudando, as coisas melhoram, pensei. Constrangimento. Vontade de mudar
de assunto. Todavia, me apoio na minha dignidade para ter a coragem de
prosseguir com a assunção do meu erro, talvez assim eu durma melhor esta
noite", escreve.
A autora reconstitui o que chama de "cena do crime": "Olhei para os
dois lados, dei um dane-se e apertei. Primeiro o 1, depois o 7, formando
o terrível 17. Em seguida, o tiro derradeiro: a tecla verde de
confirma. Pronto, estava consumado o ato político mais estúpido que eu
poderia ter cometido na vida. Saí da sala de votação a passos rápidos,
olhando para baixo para não esbarrar com nenhum conhecido. Nem
desconhecido eu tinha coragem de encarar".
"Enquanto formalizo a presente confissão, meus batimentos cardíacos
se apressam. É vergonha com raiva, com arrependimento, com sentimento de
culpa. Raiva de mim, muita raiva dele".
"Raiva dele, muita raiva de mim. Respiro fundo para conseguir
continuar. Peço-lhes apenas que não me julguem. Leio jornais, sou mulher
direita, mãe de família e não estava sob efeito de drogas no fatídico
outubro de 2018. E é justamente isso que agrava a minha culpa".
"Sou hoje coautora de crimes dolosos, por ter sido autora de um crime
culposo em 2018. Carrego essa mácula. Perdoem-me, porque eu ainda não
consegui me perdoar".
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